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A valsa acabara o bis

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[...]  Mas da sombra das árvores em frente, umas quatro ou cinco pessoas, paralisadas pela magnitude da música, tinham por alegria, só por pândega, pra desopilar, pra acabar com aquela angústia miúda que ficara, nem sabiam! tinham... enfim, pra fazer com que a vida fosse engraçada um segundo, tinham arrebentado em aplausos e bravos.  E todos, com os aplausos, todos, o grupo da portuguesa, a mocetona com os manos já mansos, os perseguidores da porta, dois ou três mais longe, todos desataram na risada.  Só o violinista não riu. Era a primeira consagração. E o peitinho curto dele até parou de bater. Soaram duas horas num relógio de parede. Os que tinham relógio, consultaram. Um galo cantou. O Canto firme lavou o ar e abriu o orfeão de toda a galaria do bairro, uma bulha encarnada radiando no céu lunar. O violinista reiniciara a valsa, porque tinham ido pedir mais música a ele. Mas o violino, bem correto, só sabia aquela valsa mesmo. E a valsa dançava queixosa outra vez, enchendo os co

Eis que a valsa triste acabou

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[...] B arafustaram(*) pela casa aberta, alguns forçaram num átimo a porta vizinha, tudo fácil de abrir, donos em viagem, a casa se iluminou toda. Veio um gritando na janela do sobrado: _ Por trás não fugiu, o muro é alto! _ Ói lá! Era a mocetona duma das casas operárias fronteiras, a 'vanyti-case" de metalzinho esmaltado na mão, largara de se se empoar, apontando. Toda a gente parou estarrecida, adivinhando um jeito de se resguardar do facínora. Olhara pra mocetona. Ela apontava no alto, aos gritos. Era no telhado. Um dos cautelosos, não se enxergava bem por causa das árvores, criou coragem, se abaixou e pôde ver. Deu um berro, avisando: _ Esta lá! E veio feito uma bala, atravessando a rua, se resguardar na casa onde empoleirara o ladrão. Os dois comparsas dele o imitaram. As janelas em frente se fecham rápidas, bateu uma escureza sufocante. E os "poliças", o rapaz, todos tinham corrido pra junto do homem que vira, se escondendo com ele, sem saber do que, de qu